O artigo “Glenohumeral Internal Rotation Deficit and Risk of Upper Extremity Injury in Overhead Athletes: Systematic Review”, publicado em 2025 no Archives of Physical Medicine and Rehabilitation por Sabika Minhaj e colegas da Ziauddin University (Paquistão), investigou a relação entre o déficit de rotação interna do ombro (GIRD) e o risco de lesões nos membros superiores em atletas que realizam movimentos acima da cabeça, como jogadores de vôlei, tênis, beisebol e handebol.
O GIRD ocorre quando há redução da rotação interna do ombro, geralmente causada por encurtamento da cápsula posterior e aumento da rotação externa — um desequilíbrio comum em esportes que envolvem movimentos repetitivos de arremesso ou saque. Essa alteração biomecânica modifica a forma como o ombro se movimenta, podendo gerar impactos, dores e lesões como tendinites e lesões do manguito rotador. Segundo o estudo, cerca de 75% das lesões esportivas envolvem os membros superiores, e até 67% da população adulta pode apresentar dor no ombro em algum momento da vida, especialmente aqueles que praticam atividades com movimentos repetitivos acima da cabeça.
Para compreender as melhores estratégias de tratamento, os pesquisadores analisaram nove estudos clínicos envolvendo 360 atletas com sintomas ou limitação de movimento no ombro. Foram avaliadas diversas técnicas terapêuticas, entre elas o sleeper stretch e o cross-body stretch (alongamentos específicos para a cápsula posterior), liberação miofascial com bola de lacrosse, mobilizações articulares, técnica de energia muscular, bandagem rígida e exercícios de fortalecimento e controle motor.
Os resultados mostraram que todas essas intervenções promoveram melhora da dor e aumento da amplitude de movimento. O sleeper stretch e o cross-body stretch foram especialmente eficazes, proporcionando redução de 40% na dor e melhora significativa na rotação interna. A liberação miofascial também demonstrou ganhos discretos na mobilidade, enquanto a bandagem rígida destacou-se por melhorar a amplitude articular e reduzir a tensão posterior do ombro. A mobilização articular aumentou a adução horizontal, embora com menor efeito sobre a rotação interna. Já o tape rígido não apresentou vantagens significativas em relação às outras técnicas.
Os autores concluem que o GIRD é um fator de risco relevante para lesões em atletas que utilizam o braço acima da cabeça e que a reabilitação deve combinar diferentes abordagens, incluindo alongamentos, liberação miofascial, técnicas manuais e exercícios de fortalecimento e controle escapular. Eles recomendam que os alongamentos sejam realizados antes e após os treinos, com duração de 30 segundos e repetição de 4 a 10 vezes, especialmente em atletas com dor ou rigidez.
O estudo reforça que não basta apenas tratar a dor, mas sim restaurar a mobilidade, o equilíbrio muscular e o controle motor do ombro para prevenir novas lesões. Essa visão está alinhada com a prática clínica da CineticsPhysio, que adota uma abordagem integrada e personalizada no cuidado ao atleta. Por meio de avaliação detalhada e protocolos que unem terapia manual, alongamentos específicos e exercícios funcionais, a equipe busca reestabelecer o movimento natural do ombro e otimizar o desempenho esportivo, reduzindo o risco de recorrência de lesões.